Através da história uma relação antagônica existe entre humanos e animais. Algumas culturas e religiões veneram animais. Egípcios veneravam gatos e Hindus consideram a vaca sagrada. As civilizações contemporâneas cuidam de animais com admiração, respeito e amor, enquanto às vezes alguns preferem destruí-los por prazer ou por lucro. Desde que o homem começou a escrever a sua história, elevaram a si mesmos sobre as outras criaturas. A relação que existe foi sempre em prol do animal humano, este recebe os maiores benefícios, com um alto custo para os outros seres.
No século 17, René Descartes, o infeliz “que pensava, logo, existia”, teorizou que “animais são máquinas inteligentes, que não possuem sentimentos e portanto não se comparam a humanos”. Era uma grande desculpa para a vivisecção, o corte de animais vivos para “estudo”. Esses “cientistas” pregavam as patas de animais em uma placa e a colocavam na parede. Então cortavam-no para observar seu interior. Uma testemunha desses experimentos afirmou que esses “cientistas” torturavam os animais, batendo com tacos, rindo e cuspindo nos inocentes quando choravam de dor. No século 19, o grande Charles Darwin ajuda a mudar o pensamento em relação ao animal. Em seu trabalho “A Origem das Espécies”, apresenta a teoria onde o homem se origina de formas primitivas de vida. Isto significa que humanos e animais têm um elo que os une. Iniciou-se assim, uma conscientização da humanidade, embora poucas pessoas levantassem contra o maltrato dos animais naquele tempo. Estas expressavam uma oposição passiva. Hoje, entretanto, os ativistas são mais agressivos com demonstrações de rua, boicotes, destruição de laboratórios, acuando os pesquisadores. Estes agora devem justificar os seus experimentos ao público. Um longuíssimo caminho teve de se percorrer desde o início da humanidade até a criação de leis de proteção aos animais. Tais leis vigoram apenas em países desenvolvidos onde o sistema jurídico exerce as suas funções efetivamente. A exposição dos fatos, mostrando como são os matadouros dos frigoríficos ou mostrando como são realizadas as pesquisas em animais, provavelmente tornariam muitas pessoas vegetarianas. O público em geral não quer ver o interior de um matadouro, sabem o que ocorre lá mas não quer ser confrontado com a situação. No caso de laboratórios, as pessoas não sabem o que se passa lá dentro, as pesquisas sendo “secretas” impedem a entrada de estranhos. Pode ser porque os pesquisadores sabem que os testes seriam interrompidos caso sejam mostrados ao público seus experimentos em animais. Chimpanzés são presos em cadeiras e seus crânios esmagados. São imobilizados por dias e semanas em equipamentos de fixação, onde os animais não podem mover seus braços e pernas, colocando-lhes eletrodos que dão choques por mau comportamento. Em centenas de chimpanzés são injetados o vírus HIV e quando um o contrai é aplaudido como uma grande descoberta médica. Outros primatas são fixados em cadeiras por dias para evitar a inconveniência dos investigadores de pegá-los e manuseá-los, até para procedimentos tão simples como a retirada de sangue. Tumores cancerosos são colocados em animais. Coelhos, ratos, macacos, porcos e muitos outros são vítimas de vivisecção —um ato de pouco valor científico—. Procedimentos dolorosos são testados nos animais sem uso de anestésicos. Com suas cordas vocais cortadas, não podem chorar de dor ou medo. Os animais, retirados do seu habitat natural, são “tratados” e armazenados em condições em que não há doenças de suas espécies, ficando em jaulas estressantes. A tensão excessiva faz com que eles tenham seus sistemas imunológicos deteriorados e qualquer teste científico feito, resulta inexato. No caso da investigação do câncer, tumores achados em animais são completamente diferentes daqueles achados em humanos. Tomar os resultados dos testes feitos nos animais e aplicá-los a humanos é um grande erro. Isto explica porque nas décadas passadas, muitas drogas como “phenacetin”, “e-feral”, “oraflex”, “zomax”, “suprol”, “selacryn” foram retiradas do mercado depois de causar a morte ou resultar em problemas nos rins, no fígado e outros efeitos graves. Mais da metade das drogas que foram aprovadas para uso humano, entre 1976 e 1985, foram retiradas do mercado ao ocasionarem sérios efeitos colaterais. Novas drogas são rejeitadas por serem ineficazes em humanos, apesar dos testes em animais resultarem promissores. Um exemplo é o “taxol”, descoberta há 40 anos, retirada do Yew (teixo), uma árvore da Oceania. Nos testes em animais, o resultado era moderadamente ativo. Em 1989, estudos em humanos provaram que apesar do “taxol” ser utilizado em quimioterapia, os cânceres do pulmão e ovário permaneciam intactos, mas destruía a mama. Por ironia, a árvore Yew está quase extinta e é difícil encontrá-la. À lista dos remédios banidos acrescenta-se “torcetrapib”, um redutor de LDL. Outro nauseante aspecto do uso de animais é o “draise test”, o teste da toxicidade em cosméticos. Antes de um desses produtos serem jogados ao povo, são testados nos olhos de coelhos. Eu não concordo com atos extremos dos defensores mais exaltados dos Animais. Para se chegar a um objetivo eficaz, uma conscientização através da mídia deve ser mais utilizada, expondo à sociedade o mau uso de animais em laboratórios, que muito dos experimentos são inúteis; entretanto é necessário sacrificar animais para cura e prevenção de doenças, incluindo a fabricação de vacinas. É necessária uma legislação específica a respeito. Será que os países do primeiro mundo oferecem um tratamento mais “humano” aos animais? O ser humano foi e é usado em testes. Vivemos a época onde “crescimento espiritual” é algo verdadeiro, sólido, não são palavras poéticas jogadas ao ar. É possível viver em paz interior e em harmonia com o universo em sua plenitude. Com sua tecnologia, o ser humano pode ser o Deus real. Ele pode curar doenças de animais e plantas com sua sabedoria. Pode, enfim, tornar este mundo imperfeito, bom. Por outro lado, defensores de animais chegam ao cúmulo do absurdo. Alguns defendem “direitos” de insetos peçonhentos e insetos imundos causadores de enfermidades, um bom jato de inseticida sem CFC resolve; outros prezam pela integridade de baratas em sets de filmagens para que não sejam machucadas e estressadas. |
UNESCO, 27 de janeiro de 1978.
• Artigo I
Todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mesmo direito à existência. • Artigo II a) Cada animal tem direito ao respeito. b) O homem, como espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar outros animais ou explorá-los, violando esse direito. Ele tem o dever de colocar sua consciência a serviço de outros animais. c) Cada animal tem direito à cura e à proteção do homem. • Artigo III a) Nenhum animal será submetido a maus-tratos e atos cruéis. b) Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor nem angústia. • Artigo IV a) Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de reproduzir-se. b) A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a esse direito. • Artigo V a) Cada animal pertencente a uma espécie que vive habitualmente no ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias de sua espécie. b) Toda modificação imposta pelo homem para fins mercantis é contrária a esse direito. • Artigo VI a) Cada animal que o homem escolher para companheiro tem direito a um período de vida conforme sua longevidade natural. b) O abandono de um animal é um ato cruel e degradante. • Artigo VII Cada animal que trabalha tem direito a uma razoável limitação do tempo e intensidade do trabalho e a uma alimentação adequada e ao repouso. • Artigo VIII a) A experimentação animal que implique sofrimento físico é incompatível com os direitos do animal, quer seja uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra. b) As técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desenvolvidas. • Artigo IX No caso de o animal ser criado para servir de alimentação, deve ser nutrido, alojado, transportado e morto sem que para ele resultem ansiedade e dor. • Artigo X Nenhum animal deve ser usado para divertimento do homem. A exibição dos animais e os espetáculos que utilizam animais são incompatíveis com a dignidade do animal. • Artigo XI O ato que leva à morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja, delito contra a vida. • Artigo XII Cada ato que leva à morte um grande número de animais selvagens é um genocídio, ou seja, delito contra a espécie. • Artigo XIII a) O animal morto deve ser tratado com respeito. b) As cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que tenham como foco mostrar um atentado aos direitos do animal. • Artigo XIV a) As associações de proteção e de salvaguarda dos animais devem ser representadas em nível de governo. b) Os direitos do animal devem ser defendidos por leis. |